Como o streaming ajudou as bandas independentes

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Se voltarmos em 2010 quando imaginei o que seria a Geração Y, o cenário da música era totalmente diferente. Naquela época o cd ainda estava em alta, as gravadoras tinham o controle de tudo que era vendido e divulgado através dos seus clientes e existia um controle enorme de distribuição, favorecendo todas as empresas envolvidas nesse mercado.

É até estranho falar isso nos dias atuais, mas naquela época existiam poucos sites que faziam a distribuição digital daquele momento, tínhamos o myspace que era uma das redes sociais mais frequentadas musicalmente (tanto mainstream como independente) entre outros portais que já tinham a possibilidade de armazenar o conteúdo e disponibilizar pela plataforma deles. Para o mundo independente os músicos viam o que estava rolando de melhor para os maisntream e então tentavam adaptar isso para o modo “independente de ser”.

Um grande momento para música independente veio com a evolução de distribuição de música. Quando surgiram as plataformas de streaming, as gravadoras tiveram que repensar sua forma de distribuição já que, como a internet no Brasil já estava ao alcance de grande parte da população era inevitável não repensar no modelo de negócio (isso tirando claramente a questão da distribuição ilegal através de downloads e pirataria).

Óbvio que no Brasil as coisas demoraram um pouco para entrar no eixo e para os músicos entenderem também até onde essas evoluções e mudanças poderiam melhorar ou não o modelo de negócio ou sua divulgação, já que a expressão “negócio” ainda é um pouco resistente na cabeça e dia-a-dia de muitos músicos que preferem ver a parte mais “poética” da coisa.

Enquanto tudo isso acontecia percebemos algumas agregadoras ganharem espaço, para quem não sabe o que é ou para que serve, a função delas basicamente é representar alguns artistas perante as empresas de streaming sem ter toda uma burocracia ou modelo de negócio “pesado” financeiramente. Eles teriam também um acesso e suporte mais fácil para todas as etapas.

Mas quero destacar aqui o que para mim foi um grande avanço para os músicos independentes: ELES PRECISARAM REGULARIZAR SUAS MÚSICAS PARA ESTAR NO MESMO ESPAÇO DOS ARTISTAS GRANDES.

Com certeza esse foi um dos pontos mais importantes nessa história, além claro de que os artistas menores puderam estar no MESMO ambiente que os maiores. Tendo a mesma vitrine, óbvio que a partir daí depende muito como será o posicionamento e como vão abraçar as oportunidades. Não se pode pensar que vai ter uma renda ou uma evolução RÁPIDA do dia para noite, mas isso com certeza já é um grande caminho para chegar até lá.

Um item básico para a distribuição é regularizar a música, ou seja, fazer o registro dos direitos autorais dela, esse registro é feito através do código ISRC.

O ISRC é o código padrão internacional de fonogramas (músicas, gravação) e videofonogramas (clipes). Ele foi desenvolvido para facilitar o intercâmbio de informação sobre gravações e simplificar a sua administração. Cada gravação deverá ter o seu próprio e único ISRC. Toda nova gravação ou a sua modificação deve ter um novo ISRC. Não está permitida a reutilização de um ISRC anteriormente fixado para uma outra gravação, a fim de garantir a correta identificação fornecida pelo ISRC.

Ou seja, através disso você garante os direitos autorais e toda a monetização quando sua música for veiculada. Para esse registro sempre indico o pessoal da ABRAMUS (Associação Brasileira de Música e Artes). Mas quero lembrar que a ABRAMUS não faz o registro de obras e sim a documentação para fins de execução pública junto ao ECAD. O registro de letra e música é feito na Biblioteca Nacional.

Em relação ao trabalho da Geração Y, toda essa evolução só foi cada vez mais positiva. Assim como as gravadoras nós tivemos que nos apropriar das mudanças e oferecer serviços com qualidade e diferencial para os nossos clientes e parceiros. Atualmente adotamos um novo reposicionamento justamente pensando nessas mudanças e as próximas que com certeza chegarão. Hoje já conseguimos planejar de forma mais macro e micro as atividades da banda e dar todo o suporte necessário para que elas tenham as mesmas chances (embora financeiramente seja bem menor) que os artistas maiores.

A internet e todo o avanço veio com certeza para diminuir ou até mesmo facilitar algumas possibilidades e mostrar que todos estão no mesmo barco, com fácil acesso ao consumidor. O que fará a distinção ou a separação de algo maior ou menor é além do planejamento o poder financeiro que terão para investir.

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