Estava um dia desses vendo os vídeos do pessoal do “Novo Artista”, e um deles me chamou muito a atenção, porque era um bate papo sobre Rádios, com pessoas que vivem de divulgação de música para esse formato off-line que muitos acreditam que está morrendo, (no final desse post você pode ver o vídeo).
Pois bem, esse tema ficou na minha cabeça por algumas semanas devido a uma fala específica: Em um certo momento, (logo no início), um deles, que é divulgador de rádio, fala que chega a ser pejorativo falar que o acordo que se faz na rádio é por puro “JABÁ”.
Primeiro, vamos aos contextos; jabá, é uma oportunidade de divulgar, e fazer propaganda de seu produto ou serviço. Jabá na rádio, entre outras coisas, é quando uma pessoa paga para que uma rádio toque a sua música através de um acordo comercial, ou seja, uma compra de espaço de mídia (falando de forma bem publicitária).
Agora o meu pensamento: Fiquei me questionando muito durante anos o quanto era absurdo esse esquema, afinal, ele “tirava” a oportunidade de novos artistas aparecerem. 8 anos depois, (desde que comecei a Geração Y), entendo o que realmente significa esse tipo de negociação, e é isso que eu gostaria de compartilhar. Não é um veredito, mas a minha opinião. Tudo bem se você não concordar, mas acho que vale a reflexão.
Hoje em dia, se você estrutura seu projeto musical de uma forma sólida, e entende todas as etapas que são necessárias pra conseguir uma carreira sustentável (ou minimamente), você vai entender que quando há demanda, as pessoas passam a consumir. Hoje em dia, se tem um hit que bomba na internet, as pessoas passam a escutar muito, e consequentemente a pedir na programação; a rádio (pagando ou não) será “obrigada” a tocar aquela música, pois precisa manter a sua audiência interessada no que é tendência, e necessidade. Caso você não tenha esse mega hit, vai ter que gerar demanda pra fazer aquilo rolar, e se tiver grana pra fazer isso através de inserções na rádio, é algo a se considerar, desde que entenda todos os benefícios, e o que isso pode trazer de valor agregado pra fazer valer a pena o investimento nesse canal de distribuição massiva.
Outro ponto: De nada adianta você ter grana e pagar esse acordo (que nada mais é do que tocar sua música x vezes ao dia durante x tempo), pensando que isso fará com que o público desse canal absorva, e queira consumir cada vez mais a sua obra, se não houver um plano posterior para manter essa galera quente. Muitos investimentos acabam sendo feitos em cima disso, como única estratégia e, às vezes, a música simplesmente não vinga como o esperado, e precisa de um empurrão a mais em outras mídias… se você investiu absolutamente TUDO QUE TEM apenas nessa ação, toda a estratégia vai por água abaixo, o que é extremamente prejudicial para o andamento da sua própria carreira.
Tendo esses argumentos, fico me perguntando como muita gente se prepara realmente pra ter uma oportunidade, ou poder gerar essa oportunidade para seu próprio projeto. Hoje em dia, na minha concepção, não enxergo esse tipo de acordo como algo ruim. Um dos pontos para isso é que com tantos meios de comunicação, temos diversos canais a disposição pra que você pense numa estratégia que conecte. Imagino que muita gente pensa que aqueles artistas que pagam ou que geram algum tipo de promoção em cima desse valor (oferecendo brindes como celulares, drones e afins), ocupam um espaço que poderia ser do seu projeto. Mas o que de fato você tem feito para ocupar o seu lugar?
O questionamento é sincero e direto, quais ações você criou pra mostrar que seu projeto está na pegada de gerar demanda, e fazer o negócio funcionar de forma realista? As grandes rádios não vão querer bandas pequenas pra fazer isso, mas cara, existem tantas outras rádios que estão abertas a isso, rádios do interior, litoral, algumas até AM, e que funcionam, que pagam os direitos autorais, e você pode até propor um show gratuito em troca de publicidade. Que mal há quando você tem um canal que atinge milhões de pessoas a sua disposição (depois de ralar pra caramba pra conseguir), e queira oferecer espaços pra veiculação?
Claro que não estou generalizando, tem várias situações que são abusivas, até mesmo a questão de ter que tocar em várias rádios pra “poder fazer valer”, mas no fundo só a gente sabe de forma consciente o que podemos fazer pra não meter os pés pelas mãos, e os artistas que entendem a caminhada não ficarão vislumbrados ou frustrados por terem ou não, algumas oportunidades.
E você, o que pensa sobre isso?
O vídeo que citei é esse: